O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conquistou ontem a terceira vitória consecutiva em uma eleição presidencial. A maioria dos eleitores atendeu ao seu chamado de votar na sua ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, tornando-a a primeira mulher presidente do Brasil. Desconhecida de grande parte dos brasileiros até este ano, Dilma chega aos 62 anos à Presidência sem ter disputado eleição antes, derrotando José Serra, de 68, que foi senador, prefeito e governador de São Paulo, entre outros cargos. A candidata do PT obteve 56% dos votos válidos, e o do PSDB, 44%. De um total de 99 milhões de votos válidos, a diferença foi de 12 milhões: 55,7 milhões para Dilma e 43,7 milhões para Serra. Apesar do feriado prolongado, a abstenção ficou dentro do padrão histórico: 21,5%. Assim como no primeiro turno, o Nordeste foi decisivo na vitória petista. Dilma teve na região 10,7 milhões de votos a mais do que Serra, ou 71% a 29%. Como ocorrera no primeiro turno, Serra voltou a vencer no Sul, por 54% a 46%. O candidato tucano ainda virou no Centro-Oeste, onde perdera no dia 3 de outubro, vencendo ontem por 51% a 49%. Serra cresceu mais do que Dilma no Sudeste, mas não o suficiente para superá-la: ela ganhou por 52% a 48%. No Norte, ocorreu o mesmo, e o resultado foi 57% a 43%. Em pronunciamento às 22 horas, Dilma ressaltou a importância de sua eleição para as mulheres e prometeu erradicar a miséria e zelar pela liberdade de imprensa. 'Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito', assegurou, em referência indireta aos escândalos de corrupção que atormentaram o governo Lula e a sua campanha. Serra fez discurso em seguida, em que cumprimentou Dilma pela vitória e agradeceu pelos votos: 'Recebemos com respeito e humildade a voz do povo nas urnas.'