Nem só de asfalto o povo viverá
O nobre Ricardo Coelho me faz refletir...
Na vida, todos nós passamos por dificuldades (alguns já estão cansados de saber disso). Uns mais outros menos, e assim a vida vai passando, qual neblina que se esvai, qual fumaça que se desmancha no ar. Alguns encaram as lidas como algo natural, outros como castigo do destino. Uns levantam a cabeça outros se curvam diante da realidade. O título deste artigo nos remete ou nos faz lembrar das palavras do Cristo, quando tentado pelo diabo no deserto da vida. “Nem só de pão o homem viverá”. Na hora da tentação o inimigo sabia que Jesus estava com fome. Já tinha todas as informações atinentes ao estado físico do Mestre. E aí decide investir na provável fraqueza do Messias. Naquele momento de fome e sede, o inimigo não vê outra alternativa de trapacear o Mestre com os seus discursos mentirosos, como é cognominado pelas Escrituras, a não ser oferecendo-lhe um pão, que comprometeria a vida espiritual do Galileu. "Se és Filho de Deus manda que estas pedras se transformem em pães” (Mt.4:3). Palavra tentadora, dura e difícil para o Cristo. Certamente o diabo imaginara que iria conseguir lança dúvidas sobre o papel do Salvador na história. Certamente quando vira o corpo do Redentor, cujo estado debilitado pela ausência de alimento, iria ceder aos planos traçados pelo próprio Deus – o inimigo errou. O plano do oponente falhou, e o Cristo mostrou que, nesta vida, ninguém vive só de comer e de beber. O Reino de Deus deveria ser buscado por aqueles que entenderiam como sendo a melhor proposta de vida.
Na política temos os “tentadores” do Povo. Os inimigos do Povo. São políticos que, pela sua incapacidade de gerenciar a Polis e de cuidar de pessoas, vez por outra colocam culpa até mesmo na chuva, como se esta fosse desculpa justificável para inépcia de lidar com a causa pública. As ruas esburacadas, Senhor Prefeito de Saturno (Saturno significa, além do sexto planeta do Sistema Solar, quer dizer tempo cronológico)! Vamos aguardar a passagem do inverno, diz o político sofista. Como se o povo vivesse só de asfalto. Este é um dos maiores discursos sofistas que conheço entre políticos. As ruas são apenas uma parte de um contexto maior da qual a Polis engloba. As ruas não são pessoas. Não são escolas. Não são hospitais. As ruas são as ruas, Senhor político. Na Polis, as ruas são uma pequena parcela daquilo que um político sério tem a fazer. A saúde que vai mal – deve-se cuidar. Os hospitais estão lotados, a chuva não se constitui um problema para a compra de equipamentos modernos, e mesmo para a construção de outros hospitais. A escola dos nossos filhos; pode-se reformar. Falta de professores nas escolas; deve-se fazer concursos. A merenda não está chegando na boca dos alunos? Deve-se fiscalizar? Mesmo com a chuva, os programas sociais de ajuda aos idosos; capacitação profissional de professores – nisto, Senhor político, não podemos culpar a chuva. As vezes penso que isso não passa de sofismas de quem está perdido, sem rumo, sem planejamento.
Nem só de asfalto o povo viverá. Tudo bem! Deixe as ruas para depois, no verão. Mas explique para o povo, por gentileza, qual a relação da chuva com cuidar de educação, de escolas, de segurança? Qual a relação? Pode se trabalhar sim, mesmo chovendo. A criança na escola não vive só asfalto. Vive de ambiente agradável. De recursos tecnológicos adequados, de professores capacitados e habilitados de acordo às suas áreas específicas. Não nos faça acreditar neste sofisma, cujo princípio é o mesmo que o diabo usou contra Jesus.
Não nos faça acreditar que vivemos só de asfalto. Não, Senhor político, não se vive só de asfalto. Vive-se de educação, de saúde, de segurança. Vive-se de seriedade, de ética, de justiça. De aplicação justa do dinheiro público, de transparência na administração. Vive-se de cuidar de pessoas. Já faz mais de dois mil anos e alguns políticos de ainda se utilizam dos sofismas do ‘capeta’, cuja motivação é enganar sempre.
Com o Cristo não deu certo! E com você?
Elielma Sousa
Um comentário:
Nem precisa ir pra os astros filosóficos, pois essas são as realidades de nossa querida cidade APODI, entrar prefeitos(a) e sai prefeito(a) e nada e feito. As promessas são as mesmas e quem acaba pagando a fato e a própria população. Mas nóis termos uma grande participação nisso, pois passamos quarto anos apanhando, recebendo um pé na bunda e ainda votamos nestas criaturas.
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