quarta-feira, 18 de março de 2009

A nova arma contra o câncer



Para os cientistas, o diagnóstico precoce e os testes genéticos são as novas armas contra o câncer, que somente neste ano deve invadir os corpos de 460 mil brasileiros.







* Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Galileu de março/2009.
Uma dorzinha no abdome, nada demais. Mas, como tinha viagem marcada para a Europa, a psicóloga Sheila Schnaider Borelli, 48, foi convencida pelo marido a ir a um médico antes de embarcar. O gastro pediu uma tomografia. No resultado, apareceu um cisto no ovário esquerdo. "Bem onde eu sentia uma pontada", afirma.

Pela localização do cisto, ela marcou consulta com um ginecologista. Repetiu os exames. O cisto, que na semana anterior tinha cinco centímetros, já estava com 20. Ainda assim, o ginecologista disse que, aparentemente, não era grave. Para se despreocupar de vez, Sheila decidiu fazer a cirurgia e extrair o cisto. "Na esperança de me recuperar em seis dias, a tempo de embarcar para Paris."

Dia 24 de janeiro de 2008, sozinha no centro de recuperação, perguntou para o anestesista: "Foi tudo bem?". Ele respondeu que havia sido "mais ou menos". "Mas não tirou o cisto?" Sim, mas o anestesista disse, prontamente: "Você está com câncer". "Ao ouvir isso, vi todos os meus sonhos desmoronarem", diz.

Sheila conta que receber a notícia foi uma dor terrível. "Mesmo assim, no momento nem pensei se iria morrer, mas me preocupei com a perda dos meus cabelos." O marido, de 50 anos, e os três filhos - de 25, 23 e 21 - a esperavam no quarto. "Eu estava atordoada e sonada. Chorando, falei para meu marido que iria perder todo o meu cabelo", afirma. "Ele disse que tudo iria dar certo. Não havia outra opção."


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O câncer no ovário já havia se espalhado para o intestino. O cirurgião alertou que ela passaria por uma fase difícil: se fosse há dez anos, as chances de recuperação seriam de 15% a 20%. "Recebi a quimioterapia mais forte que existe para poder estabilizar o tumor", diz. Após as quatro sessões, em maio do mesmo ano, Sheila passou por outra cirurgia - 20 horas na mesa de operação.


"Foi uma varredura. Os médicos tiraram 26 tumores na região abdominal." Desses, 13 eram malignos. Ao ler as notícias sobre a cirurgia do vice-presidente José Alencar, Sheila lembrou as semelhanças. "Durante a cirurgia, eu recebia doses de quimioterapia, como ocorreu com ele", afirma.


Após 15 dias, pode continuar se recuperando em casa. "Eu malho no mínimo duas horas todo dia. Meu condicionamento físico ajudou a me restabelecer mais rápido do que as outras pessoas que demoram para sair do hospital", diz. Os médicos decidiram que Sheila deveria fazer mais quatro sessões de quimio. A última ocorreu no dia 15 de agosto.

Sheila optou por ser positiva durante o tratamento. "Todas as vezes que ficava triste, folheava um álbum que minha filha montou com fotos de todas as pessoas que gostavam de mim", diz. "Não foi fácil. Em muitos momentos dá vontade de se entregar, mas eu tenho amor próprio." Quase no final do tratamento, em julho, Sheila descobriu uma fístula (lesão caracterizada por uma passagem pela qual se expelem secreções) da bexiga. Ficou com sonda até outubro, quando foi operada desse novo problema.

Atualmente, a cada três meses a psicóloga realiza exames de tomografia e de sangue. A partir de julho deste ano, o período aumentará para quatro meses. "Estou curada, tenho uma vontade imensa de viver", diz Sheila. "No hospital, colocava peruca e brincava com todos que iam me visitar, como os amigos da academia e a minha família. Recebi muito amor o tempo todo. Meu marido disse que me amava de qualquer jeito, sob qualquer circunstância."

Sheila voltou a realizar todas as atividades rotineiras, como ir malhar na academia. "Meu marido foi meu anjo da guarda, graças a Deus dei importância ao que ele disse." A viagem para Paris não tem mais data marcada, porém ainda pode acontecer.

Fonte: Revista Galileu março/2009

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